segunda-feira, 30 de julho de 2007

Epístola de Santa Lídia Dos Pés Cansados


A distância entre mim
e o mundo
É descomunal.
Injusta e invariavelmente grande.
Meus pés estão esmagados,
vermelhos e ensangüentados.
Como duas rosas amassadas. Vermelhas. Murchas.
Por isso não consigo mais correr.
Não consigo te alcançar.
Pés tão cansados que me impedem até
de sonhar que estou te seguindo
para algum lugar e
O desânimo é tão grande,
tão imensuravelmente grande que
me perco dentro dele.
Meus pés não me levam a lugar algum.
Estou paralisada de cansaço.
Sozinha. Vazia. Inerte.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Solvente Universal

A Humanidade é cruel em seu intento
E a imundície é plantada em uma horta.
As pessoas cultivam seu tormento
A lama é podre; a história morta.

O ar não é mais ar é um narcótico
O estado de nossas almas é caótico
Ninguém é Alguém, apenas um estereótipo
Tudo é falsidade, efeito óptico.

Alguns ainda clamam por esperança
Mas os espíritos estão tomados pela vileza
Em nenhum átomo existe a confiança

A vida é encarada com extrema crueza.
Como poderíamos acreditar na bonança,
Se idolatramos e vivemos a torpeza?

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Às Vezes

Às vezes,
Quando consigo ficar sozinha
Comigo mesma, parece que o mundo e eu somos um só.
Começa devagarinho e eu vou me expandindo,
Expandindo e cada átomo do mundo é
Cada átomo do meu corpo. Me expando tanto que
Parece que vou explodir, arrebentar.
Depois de milésimos de segundos isso passa
E eu
Me olho como sou: vazia e sem esperança.