terça-feira, 25 de novembro de 2008

Lucidez

Um cheiro abafado de
flores esmagadas
acompanha-me
sempre.
E me sufoca juntamente
com essa lucidez
que nunca me abandona.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Humanamente bicho

Sou algo que veio sem
perceber;
Sou medo, sou tinta, sou
massa, sou terra, sou saudade;
Respiro; vento; morro em
mim, ressurjo em você e
vejo, clamo; chamo a
chama que arde no fundo
dos meus olhos, por dentro
da minha garganta.
Corro, grito, choro. Respiro
mais. Me escondo e
mastigo as folhas verdes das árvores altas que mal consigo
alcançar.
Esmago as folhas secas com pés descalços que cheiram tristemente
a rosas murchas.
Me engulo. Me regurgito. Me esparramo no chão e
sou mato, sou flor, sou chuva e sou eu: vários
eus de mim.
Sigo em minha busca fundindo-me ao mundo e observando-o
de longe. Tenho em mim todas as moléculas da terra.
Humanamente bicho,
Sou tudo e sou nada.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mon coeur il a la couleur de tes yeux

Meu coração tem a
cor dos teus olhos
refletidos numa
poça d'água.

Meus olhos têm
o cheiro do teu
corpo desbravado
pelo meu olhar.

Minhas mãos têm
o gosto dos teus
poros.

(Me liquefaço
e te adentro
através deles)

Minhas narinas ouvem
o timbre do roçar
dos teus cabelos
em minha boca;

e estremeço.

Há tanto de ti
em mim
que emudeço.