quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Cuidado!

Não.
Não posso mais.
Juro que não suporto
essa metafísica das palavras.
Tudo o que quero
é a Leveza.
Desejo tocar a Suavidade
com os lábios,
ser engolida por um céu
azul claro
que torna desta cor
tudo o que toca.
E então eu seria composta
da mesma cor que esse
céu engolidor, e as árvores
tornariam-se da mesma tonalidade
que eu e o sol seria azul claro
juntamente com o chão.

Não.
Não posso mais.
Juro que não suporto
o peso dessa indeglutível angústia.
Sensação que trava a garganta,
deixa os olhos
enevoados,
aperta meu peito e dificulta
a respiração.
Eu só quero a luz.
Uma Luminosidade que
me faça levitar,
adentre em mim através
dos ouvidos com a
impetuosidade de quem
já é dono
e ilumine minha nuca.
E meus cabelos serão puro brilho.

Não.
Por favor, não posso mais!
Eu não suporto! não suporto
a dureza da realidade que
chuta minha porta
todos os dias pela manhã e
atira-me para fora da cama
sem nenhuma delicadeza.
Estou soterrada em escombros
do que seria o meu mundo.
Não posso mais.
Desejo sentar-me na terra
assassinar formigas,
comer flores
e redefinir os meus contornos.
Eu só quero paralizar
todos os relógios
e respirar.
Preciso de tempo, (Ou preciso da ausência do Tempo?)
pois o espelho que está
em minhas mãos
não reflete nada além de
frangalhos.