quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pseudosinestesia

Quero beber a eternidade em um copo de cristal
que se partirá em minhas mãos
desfazendo-se em milhares de cacos
cortantes.
O sangue que escorrer das minhas feridas profundas
eu o beberei também,
sorverei com a sede de sete dias
o sangue de aço sabor ferrugem.
Quero beber a claridade do dia,
esta que vem descendo deslizantemente
como lâmina.
Ela atravessará meu corpo ao meio
partindo-me em duas metades gêmeas,
condizentes. A luz é dura.
Quero beber a noite, as nuvens negras,
ser engolfada pela escuridão
e beber até a embriaguez, até o afogamento
em mim mesma. No universo.
E quando eu finalmente puder
beber da açucarada calda de um cometa,
serei arrastada para fora do planeta
e beberei diretamente do sol.