Ontem bebi demais,
muito além do necessário.
Sorvi mais do que poderia
extrair
de todas as garrafas do meu bairro
pois,
a fonte da qual eu bebia
era fonte inesgotável.
Eram meus olhos que produziam
lágrimas que despencavam
salgando meu rosto,
invadindo meus lábios.
Afogando-me na bebida
quente.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Eu
Fruta podre que cai da árvore,
Vida corroída pelo tempo,
Pó envelhecido de mármore,
Uma folha seca indo no vento.
Belo vaso, rachado, de flores;
Para não despedaçar-se, finge:
Não estão mortas todas as dores
Dos longínquos olhos de esfinge.
Pálido tédio incomunicável
Gélido e plácido como a lua,
Seca o sentimento mais amável;
Minha existência é assim, crua.
Enorme absurdo inexorável,
Esfacelo-me imóvel, nua.
Vida corroída pelo tempo,
Pó envelhecido de mármore,
Uma folha seca indo no vento.
Belo vaso, rachado, de flores;
Para não despedaçar-se, finge:
Não estão mortas todas as dores
Dos longínquos olhos de esfinge.
Pálido tédio incomunicável
Gélido e plácido como a lua,
Seca o sentimento mais amável;
Minha existência é assim, crua.
Enorme absurdo inexorável,
Esfacelo-me imóvel, nua.
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