segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Humanamente bicho

Sou algo que veio sem
perceber;
Sou medo, sou tinta, sou
massa, sou terra, sou saudade;
Respiro; vento; morro em
mim, ressurjo em você e
vejo, clamo; chamo a
chama que arde no fundo
dos meus olhos, por dentro
da minha garganta.
Corro, grito, choro. Respiro
mais. Me escondo e
mastigo as folhas verdes das árvores altas que mal consigo
alcançar.
Esmago as folhas secas com pés descalços que cheiram tristemente
a rosas murchas.
Me engulo. Me regurgito. Me esparramo no chão e
sou mato, sou flor, sou chuva e sou eu: vários
eus de mim.
Sigo em minha busca fundindo-me ao mundo e observando-o
de longe. Tenho em mim todas as moléculas da terra.
Humanamente bicho,
Sou tudo e sou nada.

6 comentários:

tecatatau disse...

você conhece um poema de herberto hélder chamado "considerações de um homem em maio"? conversa bem com o seu.

Adrianna Coelho disse...


que bom que vc apareceu no meu pedaço!

e eu aqui metade pra lá do precipício
almejando o vôo nas suas palavras!

Lídia disse...

Não teca, não conheço o referido autor. Pesquisei sobre ele rapidamente no Google, entretando não encontrei o poema citado... =/

tecatatau disse...

está num livro chamado "poesia toda" ou "livros -- ou o pema contínuo", não deve ter na rede, creio que vale a pena procurar.

Aroeira disse...

"Tenho em mim todas as moléculas da terra." demais, isso!

Maykson Cardoso disse...

=) Muito bom! Visitando aqui... gostando do que vejo! ;-) Belo poema!