sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Poeira de Estrelas

Em uma trilha tortuosa,
caminho sobre folhas secas:
Os estalos de seus talos
ressequidos
vibram em minhas artérias.
O amarelo brilhante do sol
a pino
desvia-se dos galhos
multicoloridos das árvores,
resvala-se no vento
(Luta entre luz e som)
e ataca sutilmente
meu rosto frágil.
Luz dourada e portadora
de gotículas de poeira,
me atinge, me aquece
e brilho com ela.
E sou tão colorida
quanto as árvores.


***

Em uma trilha tortuosa,
respirando devagar para
não assustar as borboletas.
Que volteiam delicadamente
ao meu redor,
com suas asinhas de
papel de seda.
Os barulhos que me amedrontam
São os mesmos que me
impelem.
Sempre em frente,
mais a fundo,
afundo na trilha. Nas folhas.
Na secura.


***

Em uma trilha
tortuosíssima,
sinto o cheiro de terra,
a poeira marrom me cobre
de uma camada fina.
Tenho a idade das esfinges,
coberta de pó.

(De cobre)
Coberta de nada.
Eu mergulho da terra da trilha,
mergulho em mim.
Sou a terra, o mergulho,
sou a trilha, sou eu.
Submerjo, embrenho-me
na trilha-eu,
na poeira castanha,
com meus cabelos castanhos.


***

Em minha trilha
quando chove, venta.
Raios oblíquos
arrebentam-se no céu
mas não os vejo.
Apenas posso adivinhá-los
por sobre as copas das árvores,
através dos espaços
entre as folhas úmidas.
Não temo as tempestades,
visto que trovejo
e choro
e molho.
Só tenho medo
do assovio do vento
que circula o mundo e vem
bater de encontro à minha nuca.


***

E nas noites de céu limpo,
em minha trilha
sem nuvens,
esforço-me para enxergar
a purpurina lá em cima.
Pontos brilhantes que
lembram
gotas d'água,
água de orvalho.
Quero bebê-las,
desejo bebê-las todas,
essas gotas de estrelas,
esses pontos líquidos,
fixos no infinito.
Sorvê-las em uma taça
reluzente de cristal cor-de-rosa.
Sim, o que almejo
é beber estrelas.

6 comentários:

tecatatau disse...

fazia tempo que você não dava o ar da graça, que bom que me fez uma visita, para você:

manhã de frio
afio o fio do meu destino
a vontade uiva
em cada gota de saliva

essa espada
que o tempo brande
carcomida de ferrugem
zune
rente ao meu ouvido

sob céu os signos
dúvidas tilintando cintilantes
níqueis que se fundem
numa túnica de luzes
faminta de poeira e nuvem

Adrianna Coelho disse...


lidia,

fiz uma viagem por suas trilhas tortuosas, às vezes em meio ao vento
ou com borboletas, com folhas secas,
com poeira de cobre e bebendo tbm suas estrelas...

adorei!!

Lídia disse...

Ah, Teca... Eu sumo mesmo... Mas semrpe reapareço, sempre! Obrigada pela linda poesia! =)

Lídia disse...

É uma honra receber sua visita, Adriana. Eu amo o seu blog!
Beijo.

tecatatau disse...

gostei da visita, deixei um comentário em resposta a um dos seus, a respeito dos "homens ordinários", para garantir que você me visite de novo. beijinhos.

Adrianna Coelho disse...


eita, pensei que só eu tivesse sumido... cadê vc?